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terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Causos de buteco: "O disturbamento do Seu Soiza"

Colaboração: Professor Antônio Fabrício de Matos Gonçalves.


Soiza era um cidadão expoente e exauriente. Morava em Beraba. Era servil, porque todo mundo via ele. A rua que morava era uma lamúria disgraçada, quando chuvia. Quando não chuvia era completamente pueril. 

Soiza foi na Perfeitura e reclamou. O Perfeito mandou apedrejar a rua dele. Mas não ficou muito bom. Na semana siguinte Soiza falou com o Perfeito e sabe o que ele fez? Mandou assaltar, com aquele assalto pritin. Soiza, então, ficou entusiasmático e rezorveu reformular a casa. Contratou até um arqueólogo pra fazer o prospecto.

Primeiro fechou todo o terreno com um murmúrio de chuvisco de cimento, com centelhas de barro por cima. Fez uma garage mediterrânea pra dois carros, com porcão de madeira infernizada, que abria com controle terremoto.

O porcão não era de qualquer discompensado não, era de madeira de leite mesmo. Do lado da garage tinha um jardim que era uma beleza: grana verdinha e arvres com cópulas imensas. No fundo da casa Soiza construiu uma pocilga olímpica, toda verdolejada, com pebolim e quatro holocaustos pra iluminar de noite.

Ao lado da pocilga fez uma quadra pra jogar meleca. Na porca de entrada da casa Soiza colocou um topete vermelho, de fora a fora, só pra receber visita. Depois dessa porca vinha um salão de vários meios ambientes, com ilustres de cristal. 

A escada que dava para o segundo andaime tinha dois corrimentos de ouro. O segundo andaime tinha treis sinusites de solteiro e uma de casal, todas elas com safadinhas. No meio da refórmula a Soizana, mulher de Soiza, arrancou o couro dele nos eletro-cosméticos.

Pra sala de televisão comprou uma TV de 42 polegares, um vidro cacête de quatro cadelas e ainda fez Soiza assinar TV a pago, instalar antena paranóica e ar congestionado central. Comprou, ainda, um microssonda, bebedeira de bolo, faca fotoelétrica, faca de dois legumes, refrigerante modulado e um conspirador de pó. 

Como Soiza adorava a cantoria dos três terrores – Flácido Dormindo, José Parreiras e Apavorado –, Soizana ainda comprou um som esferográfico de última gestação. Um dia Soiza acordou com uma dor de cabeça danada e, além disso, Soizana estava misturada. Tinha acabado o sorvente dela. Soiza, então, foi na farmácia e tomou um oralgésico, mas não resolveu. Foi no médico, que passou nele um caleidoscópio e ainda pediu um mundo de enchames.

Depois de pegar os enchames no lavatório, Soiza voltou no doutor. O doutor disse que nunca tinha visto uma taxa de besteirol tão alta e que o caso dele era uma difamação no pântano, associada a uma carne no dente de cisne. Soiza teria que distrair o cisne e fazer uma intervenção siderúrgica urgente. 

Chegou em casa e contou pra Soizana. Ela disse que estava com umas celuloses nas perna, uma esfirra ali, outra aqui e queria fazer uma siderurgia plásmica. Aí os dois resolveram se infernar no Hospital das Cínicas. A sorte de Soiza foi que Soizana contornou bem a situação. Chamou sua mãe pra tomar conta das crianças. 

A velha tinha noventa e seis anos, mas era completamente nítida. Lia jornal todo dia, fazia conta e dava notícia de tudo. Foram pro Hospital e ficaram três dias na CPI e mais quinze num apertamento. Depois voltaram pra casa. Mas o problema foi que Soiza, com a refórmula e a siderurgia, tinha ficado completamente masturbado.

Qualquer coisa que você falasse com ele, até um bom-dia, ele já saía gritando e ejaculando. Soizana, então, resolveu levar Soiza pra um motel-fazenda pra ele descansar. Foram pra uma casinha na beira de uma lagosta. A vista era linda na hora do prepúcio. De noite o céu era tão limpo que conseguiam ver até chuva de asteriscos. Nem assim Soiza melhorava os nervo. Implicava com os minino: – Minino, sai da água, senão você pega um resfrigerado!

Depois de muita conversa, Soizana discubriu a causa do nervo de Soiza: é que ele, até os quinze ano, morou do lado de um aerofólio. Era tanto aeropiano, degolando e aterrorizando, que aqueles rugidos altistas não deixavam o pobre do Soiza dormir. Logo que voltaram pra cidade Soiza tratou, mais de um ano, com um pepsicólogo e um pepsiquiatra, e nunca mais ficou nervado.

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